A Esclerose Múltipla (EM) trata-se de uma doença progressiva do sistema nervoso central, caracteriza-se pela desmielinização dos nervos do sistema nervoso central, resultando na falha do mesmo. Os sintomas incluem falha do controle motor, problemas em caminhar e controle dos membros, incontinência e distúrbios visuais, assim como problemas de concentração e memória e fadiga extrema.
No que respeita ao prognóstico e tratamento da Medicina Convencional, a EM é caracterizada por períodos recurrentes da exacerbação dos sintomas. A progressão da doença pode levar à imobilização e confinamento, contudo, por vezes, alguns doentes podem ter remissões espontâneas e inexplicáveis. Não existe tratamento ou cura e o prognóstico é pobre. Foram efectuadas algumas experiências sem grande sucesso terapêutico, com diversas dietas, que visam a eliminação do açucar, a redução da ingestão de carne, de carbohidratos e de gordura saturada.
A Acupuntura, e a Medicina Tradicional Chinesa em geral, é baseada numa complexa teoria do funcionamento do corpo que envolve o fluxo de energia, ou "qi", através de 14 “meridianos” principais, no corpo. Existe também um equilíbrio de opostos conhecidos como "yin" e "yang". Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, estados de doença são uma consequência da interrupção e/ou desiquilíbrio do fluxo de energia.
Estudos efectuados atribuem à Medicina Chinesa uma taxa de sucesso de 40% no tratamento da EM, podendo em certos casos, a doença entrar no estado de remissão, enquanto noutros consegue-se o controle dos sintomas doença.
A Acupunctura não cura a EM, assim como não cura outras doenças degenerativas. No entanto, a Acupunctura possui bastante sucesso na redução da dor e parestesia, na redução de espasmos, na diminuição da fraqueza e paralisia dos membros e na melhoria do equilíbrio, assim como no controle urinário e na melhoria do sistema imunitário.
Um estudo efectuado em Portland, Oregon relatou que 59% dos doentes com EM tiveram uma redução dos episódios de incontinência urinária. Relativamente à dor, foi descrita uma taxa de eficácia de 87% no alívio da dor após uma único tratamento de Acupunctura, num estudo efectuado no Southwest Rehabilitation Hospital and National Healthcare Center em Albuquerque, N.M.
Nos vários estudos existentes sobre o tratamento da EM pela acupunctura verifica-se a existência de efeitos terapêuticos positivos na recuperação dos movimentos e parestesias das extremidades dos membros, quando o tratamento pela acupunctura é efectuado regularmente. Sendo aconselhado a administração entre 2 a 3 dias por semana, consistindo um curso terapêutico em 10 tratamentos.
Quanto ao mecanismo de acção, diversos estudos têm sido efectuados ao longo dos anos e em diversos países. Estudos recentes sugerem que os efeitos da Acupunctura são mediados pela adenosina, um neuromodulador com propriedades anti-nociceptivas e que a interferência no metabolismo da adenosina pode prolongar os benefícios clínicos da acupunctura.
A Acupuntura não cura a EM, assim como não cura muitas outras doenças devastadoras. No entanto a fraqueza, a dor e a debilitação próprias deste tipo de doenças pode ser gerido através da acupuntura, através do alívio físico, mental e emocional, traduzindo-se de uma forma geral na melhoria da qualidade de vida destes doentes.
Bibliografia:
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Skya Abbate. The Management of Multiple Sclerosis With the Extraordinary Vessels. Acupuncture Today December, 2003, Vol. 04, Issue 12
N. Goldman, M. Chen, T. Adenosine A1 receptors mediate local anti-noceptive effects of acupuncture. Nat. Neurosci. May 30, 2010.